domingo, 30 de outubro de 2011

Deputados cearenses querem 10% do PIB para a Educação


Diário do Nordeste  
Publicado em 30 de outubro de 2011


Enquanto especialista cearense revela otimismo com as metas do PNE, os professores reclamam de serem pouco valorizados

Dez meses após iniciar tramitação na Câmara Federal, o projeto de lei do Executivo que cria o Plano Nacional de Educação (PNE) deverá ter seu relatório apresentado pelo deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), na próxima semana. Enquanto a especialista em Educação Eloísa Vidal revela otimismo sobre as metas estabelecidas, professores cearenses reclamam que o Plano é vago no que diz respeito à valorização dos educadores.

Em Fortaleza, professores da rede municipal de ensino permaneceram em greve durante 60 dias, entre abril e junho deste ano, reivindicando da Prefeitura melhor reajuste salarial. Em agosto, foi a vez dos professores da rede estadual, que paralisaram as atividades escolares por pouco mais de dois meses, uma forma de exigir do Governo do Estado a repercussão do piso salarial na carreira.

O deputado federal Ariosto Holanda, que integra a comissão especial do PNE na Casa, afirma que a Câmara trabalha para votar o Plano ainda neste ano para ser aplicado já em 2012, mas isso vai depender de como o relatório contempla as quase 3 mil emendas sugeridas pelos deputados. Ele admite dificuldade para consenso, principalmente sobre o percentual de recursos para a área.

Polêmicos

O PNE estabelece uma série de metas, a serem cumpridas até 2020, com o objetivo de melhorar a educação brasileira. Embora a proposta do Governo represente avanço sobre a realidade atual, as metas estabelecidas, argumentam alguns professores e parlamentares, não são suficientes para garantir ensino de qualidade e universalizado.

Um dos pontos mais polêmicos da proposta diz respeito aos recursos para a área. "A qualidade do ensino passa pela questão do financiamento, daí a nossa prioridade por um maior percentual do PIB (Produto Interno Bruto) para a área", explicou o vice-presidente do Sindicato dos professores do Ceará (Apeoc), Reginaldo Pinheiro.

No projeto de lei enviado à Câmara, o Executivo propõe a ampliação progressiva de recursos até atingir o mínimo de 7% do PIB do País. Atualmente, é investido cerca de 5% ao setor. A proposta de alguns parlamentares é de que seja aplicado o mínimo de 10% do PIB.

Para o deputado Chico Lopes, esse problema não foi bem contemplado no PNE. "Então, em dez anos, nós estamos querendo acrescentar menos de 2%?", reclamou o parlamentar.

Já Ariosto Holanda disse defender a aplicação dos 10%, mas avaliou que se for possível negociar com o Governo acima de 7% já é um avanço considerável. Segundo ele, é preciso atentar que o PNE só vai conseguir cumprir as metas e atender de fato a população se o percentual for viável. "Não adianta a gente fazer o plano mais bonito do mundo, se não tem o dinheiro".

Na avaliação da especialista em Educação Eloísa Vidal, o percentual pedido pelos educadores está acima das possibilidades do Governo: "Nenhum País do mundo gasta 10% do PIB com educação. Essa questão vai ser um embate duro, mas também não podemos aceitar menos de 7% porque o Brasil precisa de um upgrade rápido".

Resultados

Conforme Eloísa Vidal, o PNE proposto pelo Governo está condizente com a realidade brasileira, trazendo 20 metas bem articuladas. No seu entendimento, o novo Plano pode trazer melhores resultados que o anterior, pois é mais objetivo. "Esse tem mais foco, é mais consolidado e mais exequível".

O vice-presidente da Apeoc, Reginaldo Pinheiro, admite que o texto do PNE revela avanços, mas reiterou que 7% do PIB não é suficiente para atingir os indicadores. Outra crítica da Apeoc em relação ao PNE diz respeito à valorização dos professores, um problema que, segundo Reginaldo, não fica bem demarcado no texto do Executivo.

Ele elogiou a discussão sobre o PNE durante a Conferência Nacional de Educação, mas reclamou que vários itens debatidos não tenham sido contemplados no projeto de lei, citando a reserva de 1/3 da carga horária para atividades fora da sala.

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