domingo, 26 de junho de 2011

Jornal O Povo Online - 26/06/2011


Justiça declara ilegal a greve dos professores de Fortaleza

Marcada para s 8h30min de hoje, na Praça da Gentilândia, a assembleia do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sindiute) vai decidir se os professores da rede pública de Fortaleza voltam ou não às aulas.
Após quase 60 dias de greve, o impasse está prestes a ser resolvido, já que a Justiça declarou a paralisação ilegal e decretou a retomada imediata às aulas em até 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil sobre o sindicato.

Essa, no entanto, não é a única manifestação de servidores municipais enfrentada pela gestão da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT). 


Além da greve dos professores, funcionários da Usina de Asfalto e Fábrica de Pré-Moldados, da Guarda Municipal, dos setores de odontologia e enfermagem do Município, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), do Instituto Doutor José Frota (IJF) e demais hospitais distritais, das secretarias executivas regionais, da Secretaria da Administração do Município (SAM), do Instituto de Previdência do Município (IPM) e agentes de trânsito da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) ameaçaram paralisar as suas atividades.

Assembleia geral unificada das categorias que prestam serviço à Prefeitura foi realizada no começo de junho, em frente ao Paço Municipal. As reivindicações vão de reajuste salarial à melhoria nas condições de trabalho.

O setor privado de Fortaleza também foi alvo de greves em 2011, com a paralisação na construção civil.

Ponto de vista 

A professora e cientista política Rejane Vasconcelos, que considera o movimento sindical de hoje “mais dócil” e “menos agressivo” que o dos tempos da ditadura militar. Ela aponta que, quando há proximidade de eleições, o poder de barganha dos sindicatos é maior. “Os governos não querem criar imagem negativa dos seus mandatos. Então há uma conjuntura que impulsiona a pressão exercida pelos sindicatos”, explica a professora do Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

De acordo com a professora, a pressão se torna ainda maior quando os governos são “supostamente de esquerda”, como no caso de Fortaleza e mesmo do Brasil, em que duas petistas comandam o Executivo. “Quando faziam oposição, sempre foram aliados das mobilizações sociais para pressionar o Estado e os empresários. Quando assumem o poder, a posição da greve fica ambígua, porque eles mudam de lado na situação e passam a ter de responder”, explica.

Ainda segundo ela, a interpretação da greve no funcionalismo público é diferente do setor privado. “O risco de perder o emprego no poder público é muito remoto, no máximo há reposição das horas paradas. Por isso, as greves acabam se tornando longas e se banalizando”.

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