Agente de Endemias é vítima de Assédio Moral
Acompanhe este depoimento, de um funcionário que não se intimidou com as ameaças de um chefe autoritário e denunciou.
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Agente
de Endemias
de Fortaleza-Ce é vítima de assédio moral e ganha processo contra a
prefeitura!!!
Meu nome é Alexandre Barroso da
Silveira, sou Agente Comunitário de Saúde pela Prefeitura Municipal de
Fortaleza desde 2004, tenho 35 anos de idade e pai de 03 filhos.
Minha via crusis se inicia no ano
de 2005, quando foi nomeada para a coordenação da Unidade Básica de Saúde, a
nova Coordenadora de nome X. no Posto de Saúde João Luiz de Oliveira Pombo na
Secretaria Executiva Regional IV em Fortaleza Ceará, onde sou lotado,
inicialmente muito cordial com os outros funcionários, mas com o tempo
mostrando-se realmente quem era. Autoritarismo e arrogância foram sua marca
registrada, devolvendo para a SER IV, nada menos que 18 (dezoito) trabalhadores
(as) terceirizados que lá exerciam função. Comigo, creio que por sempre ser comunicativo
e de movimentos sociais, inicialmente chegou a ser até condescendente em certos
atos, inclusive chegando a me presentear com uma camisa quando fui á Brasília
para a XIII Plenária Nacional de Conselheiros de Saúde, até que um dia, fui
chamado a sala da coordenação, cadeiras prontas, cafezinho á mão, risos e
gestos amigáveis, até que veio a pergunta –“você vai apoiar meu candidato”, de
pronto me neguei e fui respondido da seguinte forma, - ”a partir de hoje você
tem uma inimiga aqui!”, daquele dia em diante minha vida se tornaria um
verdadeiro inferno!
A Primeira represaria veio quando
fui surpreendido em ter que assinar minha frequência ás 07:00 horas da manha,
enquanto os demais funcionários assinavam as 08:00 horas, quando a interroguei
sobre o ato ela apenas disse que são ordens dela e teria que acatar, novamente
me neguei, e passei dois meses sem receber salário, tendo que me submeter a
agiotagem, pois naquela época era pai de um filho de pouco mais de um ano, Caio
Gabriel.
A segunda represaria veio quando
todos (as) os (as) funcionários do Posto foram proibidos de falar comigo ou
manter quaisquer contatos dentro do posto de Saúde, só podia falar com eles e
eles comigo fora da unidade e de seus olhares.
A terceira represaria veio quando
ela quis me expulsar do Conselho Local de Saúde do Posto, alegando
irresponsabilidades minhas, falta de compromisso entre outras coisas.
Tudo isso me abateu muito, não só
a mim, más minha família na época, pois não queria falar sobre o que estava
acontecendo para não os preocupar tendo que suportar tudo sozinho, buscando
ajuda apenas na bebida.
Com tudo isso, ainda tive coragem
e entrei com a primeira ação, ação esta impetrada na PROMOTORIA DE
JUSTIÇA E DEFESA DA SAÚDE PUBLICA NO ESTADO DO CEARÁ, EM MÃOS DA PROMOTORA
ISABEL PORTO, a ação inicialmente foi por improbidade administrativa,
a prova foi a frequência zerada e meu testemunho. A Situação piorou ainda mais,
pois quando a coordenadora foi intimada sua ira cresceu ainda mais.
Após a audiência, a coordenadora
passou a me chamar de LADRÃO DE PONTO, piorando minha situação ainda mais
quando não fui comtemplado ao passar na seleção publica para ACS no ano de 2006
tirando 2º lugar, e ela somando as palavras passou a me chamar de fracassado,
incompetente, ladrão de ponto, etc ...
Minha situação passou a ser
caótica, pois nenhum funcionário ficou do meu lado, com medo de passarem pela
mesma situação, e tendo eu que todo santo dia ir para o Posto passar
diariamente por essas humilhações, passei a beber e a fumar diariamente, todo
santo dia ia para o posto e de lá ia beber em algum lugar, chegando bêbado em
casa, com um filho já de quase dois anos, e minha ex-esposa grávida do nosso
segundo filho, ela sem saber o que estava acontecendo comigo e sofrendo igual
ou mais do que eu.
Minha situação chegou ao ponto de
eu acordar bêbado no centro da cidade no aniversário do meu filho mais velho.
Quando já não tinha mais
esperança. Abatido, sem comer, sem dormir, só bebendo e fumando, encontrei uma
amiga no Centro da Cidade que passou a me falar sobre tudo isso, que eu estava
sofrendo com problemas psicológicos devido ao assédio que eu estava sofrendo, e
que eu fosse buscar ajuda no CEREST (CENTRO DE REFERENCIA NA SAÚDE DO
TRABALHADOR NO CEARÁ), pois lá eu teria ajuda.
E foi lá que comecei a me erguer,
passei a fazer tratamento psicológico, passei a entender o que estava passando
e o que era ASSÉDIO MORAL, pois até ali, eu sequer sabia o que era isso.
Conheci outras pessoas que estavam passando por problemas até piores que o meu,
passei a estudar muito, a criar forças. Perguntei a meus companheiros de
trabalho se eles poderiam depor a meu favor, infelizmente eles se negaram, foi
quando, por iniciativa própria, comprei um mini gravador, e passei a gravar
todas as palavras que a Coordenadora deferia contra mim.
Entrei com a segunda ação, ação
esta impetrada no 17º JUIZADO ESPECIAL CIVIL DE PARANGABA, contra a pessoa
física da Coordenadora da unidade de saúde, e paralelamente o primeiro processo
corria na PROMOTORIA DE JUSTIÇA E DEFESA DA SAÚDE PUBLICA, onde lá foi
encaminhado pela promotora que a Prefeitura de Fortaleza constituísse uma
Sindicância para a apuração dos fatos e punição do culpado.
no 17º JUIZADO ESPECIAL CIVIL DE
PARANGABA, após a audiência onde estava só eu e minha ex-esposa e quando menos
esperei chegou meu anjo da guarda a advogada do CEREST, na audiência, tive
ganho de causa, mas a culpa recaiu sobre a pessoa jurídica da Prefeitura
Municipal de Fortaleza pois no momento da agressão estávamos exercendo a
função.
Com o ganho na audiência, a
situação passou a ser debatida nas esferas administrativas da saúde no caso, no
Conselho Regional de saúde da SER IV e no Conselho Municipal de Saúde de
Fortaleza, momentos esses que foram impares para os trabalhadores pois lá viu-se
o confronto de um trabalhador contra uma coordenadora de posto, e lá
também foi considerada a gravação feita por mim, em ambos os
casos tive ganho de causa.
A Sindicância aberta foi a meu
favor, ganho de causa também lá e na Promotoria de defesa as saúde publica.
No ano de 2010, tive em fim, a
primeira grande vitória, A COORDENADORA DO POSTO FOI EXONERADA DA FUNÇÃO!!! Mas
a luta ainda estava no começo!
Ainda em 2008, juntamente com os
trabalhadores (as) que conheci no CEREST, fundamos no dia 23 de Novembro a
A-REAGIR, Associação dos Trabalhadores Vítimas de Assédio Moral no estado do
Ceará, que serviu de modelo para a fundação de outra entidade aqui no estado a
AVANTE, Associação dos Trabalhadores Vitimas de Assédio Moral.
E no mesmo ano entrei com a ação
para fins indenizatórios no Tribunal regional do trabalho 7º Região, onde no
dia 07 de Julho de 2012, ganhei a causa, infelizmente por danos morais, não por
assedio, más a lição ficou, o processo esta sendo encaminhado para o STF,
esperamos que lá seja julgado procedente o Assédio Moral, pois infelizmente
ainda não há legislação especifica que puna a prática.
No mais a Vitória não foi minha,
mais de toda a classe trabalhadora que luta contra o autoritarismo e os
desmando de alguns patrões.
Abraços a todos (as)
Alexandre Barroso da Silveira –
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