domingo, 27 de maio de 2012

Artigo


ONDE ESTÁ O SERVIDOR PÚBLICO NA POLÍTICA GOVERNAMENTAL?

Ao se falar na ineficiência dos serviços públicos, muitas vezes a culpa é direcionada para os servidores, estes que são desvalorizados ao longo dos anos por sucessivos  governos, independente da coloração partidária.
por: Reginaldo de Souza Silva

A realidade nua e crua das repartições públicas está escancarada. Procura-se noite e dia os culpados pela ineficácia do Estado, pela politicagem e o uso da máquina pública, que vem contrariando o princípio elementar de servir ao bem comum.

Apesar de a legislação definir que para ser servidor público é preciso participar e ser aprovado em concurso, garantindo assim a vaga enquanto profissional, o sucateamento do serviço público vem retirando dos profissionais a estabilidade.
Se outrora, havia um orgulho e uma qualidade implícita no exercício da função de Servidor Público, hoje esta premissa não pode ser amplamente comprovada em várias repartições. O respeito, a valorização, a competência atestada pelo mérito avaliado através de concursos públicos, deu lugar aos cargos comissionados, nomeados, as funções delegadas, ao empreguismo, aos cabides políticos etc.
Mas onde estará o servidor público cônscio de suas responsabilidades? Está nas mesmas repartições e continuam mantendo a máquina pública viva, nas ambulâncias e postos de saúde, na porta e dentro das escolas, nas secretarias, nos departamentos, nas estradas e rodovias. 
Servidores Públicos sofrem na pele as denuncias de superfaturamento, improbidade administrativa, malversação do dinheiro público etc. Há um esforço governamental intencional para desacreditar o serviço público, que vem deixando de ser atrativo para os melhores profissionais, por motivos como, as baixas remunerações, as precárias condições de trabalho, a flagrante defasagem salarial e perdas remuneratórias históricas. Os salários pagos pelos cofres públicos (municipal, estadual e federal) não garantem qualidade de vida e dedicação exclusiva. 
Lutamos para que todos os servidores públicos, assim como a população brasileira, tenham um conjunto de situações que concorram para a qualidade de vida, refletindo em um estado de total bem-estar físico, mental e social.

Há “correntes” políticas, partidárias, ideológicas e de concepção de trabalho e gestão de recursos humanos que nos remetem a senzala que está presente e contribuindo para as diferenças que prevalecem.
O discurso é o mesmo - não tem dinheiro, a prefeitura ou o estado  estão quebrados e inadimplentes, mas a realidade constata prefeitos, governadores e ministros inchando cada vez mais as estruturas com os representantes dos líderes políticos, sobretudo, com os representantes dos seus novos aliados políticos que muitas vezes são fantasmas do serviço público.
A (des)valorização do servidor público pelos gestores tem seus reflexos no ambiente de trabalho, na luta frente a população que sofre com serviços sucateados e servidores cada vez mais desmotivados, desvalorizados e desrespeitados.

*Reginaldo de Souza Silva – Doutor em Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas 

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